Dia do Endocrinologista
Parabéns a todos os endocrinologistas!
O Dia Nacional do Endocrinologista é celebrado no dia 1º de setembro. A coordenadora da Pós em Endocrinologia e Metabologia Dra. Monica Cabral produziu um artigo sobre a profissão. Na logomarca criada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia para lembrar a data encontra-se a frase “Orgulho de ser Endocrinologista”.
Como parabenizar nossos colegas endocrinologistas nesta data?
Primeiramente, gostaria de definir a relevância da arte de compreender a complexidade dos órgãos endócrinos e eixos hormonais envolvendo as glândulas clássicas (hipófise, adrenal, tireoide, pâncreas, ovários, testículos, paratireoides, tecido adiposo, ósseo) e as não clássicas (endotélio vascular, intestino, fígado, rim, coração, músculo). São incontáveis hormônios e interações complexas que vão muito além do esquema de retroalimentação hipotálamo-hipófise-glândula alvo.
Desde a descoberta da secretina, em 1902, por Bayliss e Starling e a introdução do termo “hormônio”, em 1905, até hoje, são descobertos novos hormônios. A palavra hormônio se origina do grego òρµáω, que significa evocar, excitar, e foi definida há 118 anos como mensageiros químicos que “têm que ser transportados do órgão onde são produzidos para o órgão que eles afetam por meio da corrente sanguínea”. Estudar a complexidade da regulação e da interação dos hormônios com vários órgãos é maravilhoso e, ao mesmo tempo, angustiante. Quanto mais estudamos, mais temos noção do quanto não sabemos.
Como se não bastasse, o endocrinologista é o especialista também do metabolismo do corpo humano. Originado do termo grego metábole, que significa “mudança” ou “troca”, o metabolismo é definido como o conjunto de transformações e reações químicas através das quais se realizam processos de síntese e degradação ou decomposição das células. São inúmeras as doenças metabólicas a serem abordadas, e muitas delas de caráter crônico. Cuidar de doenças crônicas como diabete, obesidade, e dislipidemia demanda tempo para ouvir, para refletir, para ajudar os pacientes a cuidarem da sua saúde e do seu estilo de vida, muito além da prescrição de medicamentos. A medicina em sua forma mais nobre: aquela que é feita pelo paciente e para o paciente. Isso é fascinante e ao mesmo tempo desafiante e tem tudo a ver com a vocação do médico em cuidar.
No momento, a tecnologia é uma aliada à prática médica. Na endocrinologia ela deve ser exatamente isso: aliada, mas não substituta do raciocínio clínico. Desde os bancos da faculdade, aprendi as razões pelas quais “a clínica é soberana”. Aprendi o quanto é importante realizar todo um raciocínio clínico antes de se solicitar um exame, o papel desse em confirmar ou afastar um diagnóstico e o quanto é importante saber solicitar, escolher e interpretar um exame complementar.
A hyposkillia, definida como “deficiency of clinical skills”, vem acometendo muitos médicos que procuram fazer o diagnóstico através de uma enxurrada de exames desnecessários e solicitados sem um raciocínio clínico, podendo levar inclusive a um diagnóstico errado.
Para o endocrinologista, a formulação de um diagnóstico deve se dar pelo domínio e o exercício de um raciocínio diagnóstico. A endocrinologia e metabologia é uma especialidade onde a medicina “high-tech” caminha lado a lado com a “high-touch”, onde a medicina baseada em evidências dialoga, o tempo todo, com a arte de cuidar.
Parabéns a todos os endocrinologistas nesse dia! “Orgulho de ser Endocrinologista”.
Autora: Doutora Monica Cabral, coordenadora da Pós-Graduação em Endocrinologia e Metabologia do IBCMED. Possui Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1993), Residência Médica em Clínica Médica pelo Hospital Central da Polícia Militar (1995), Residência Médica em Endocrinologia pelo Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE/PUC-RJ)(1998), Mestrado em Endocrinologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2000) e Doutorado em Endocrinologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2009).