Migração médica no Brasil: para onde vão os profissionais formados?
A migração médica é um fenômeno que traz prejuízos para os moradores de algumas regiões do Brasil, principalmente Norte e Nordeste.
Recentemente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou um estudo sobre a migração médica no Brasil. A pesquisa mostra que, após a conquista do diploma, pelo menos um em cada cinco egressos opta por se registrar em uma unidade da federação diferente da que se formaram.
Segundo o levantamento, pelo menos 16.249 dos quase 72 mil novos médicos registrados nos Conselhos Regionais de Medicina entre os anos de 2018 e 2021 não fizeram o registro no Estado em que concluíram a faculdade.
Motivos que justificam a migração médica no Brasil
Em entrevista ao Jornal Medicina, o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, deu sua opinião sobre os motivos que justificam a migração médica no Brasil.
“A migração interna de médicos é determinada por questões econômicas, sociais e demográficas; há fatores individuais e profissionais associados à decisão de mudar”, comentou.
Para o presidente do CFM, tais números confirmam que a abertura desenfreada de escolas médicas, principalmente entre os anos de 2013 e 2015, não foi capaz de induzir a permanência de médicos nas regiões de difícil provimento.
Ribeiro explica que aconteceu o contrário, ou seja, os estados do Norte, que mais têm carência de médicos, perderam profissionais para outras localidades.
São Paulo é um dos estados que mais atrai os recém-formados. Para se ter uma ideia, o Estado formou 12.812 novos médicos nos últimos três anos. Porém, o número de profissionais registrados no conselho da região foi de 16.773.
Ou seja, São Paulo atraiu quase 4 mil médicos formados em outros estados. Por outro lado, Acre, Tocantins e Rondônia perderam mais da metade de seus egressos.
Uma das justificativas para que os profissionais prefiram trabalhar em estados da região Sudeste, como São Paulo, são os salários pagos e as condições de trabalho.
“Isso significa que, se não houver investimento para melhorar a infraestrutura dos locais e das condições de atendimento aos pacientes nessas regiões, os futuros médicos não irão se fixar ali”, declara Ribeiro, ao falar sobre o movimento de migração médica nos estados, principalmente, das regiões Norte e Nordeste.
Impactos da migração médica para a sociedade
Para a sociedade, a migração médica é pouco vantajosa. Afinal, todas as comunidades necessitam ter médicos atuantes em suas regiões, para que os moradores sejam atendidos com mais qualidade.
Além de prejudicar o atendimento à população, a migração médica também sobrecarrega os profissionais que optam por ficar trabalhando nas regiões menos favorecidas. Isso causa problemas de estresse, burnout e desgastes nos profissionais.
Cabe aos governos locais buscar meios para evitar a migração médica, criando boas condições para que os profissionais se sintam atraídos a permanecer trabalhando onde se formaram.
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