O Dia Internacional da Tireoide, celebrado em 25 de maio, é uma oportunidade importante para reforçar a conscientização sobre as doenças da tireoide e os avanços científicos em torno dessa glândula tão essencial para o equilíbrio hormonal do corpo.
Para marcar a data, reunimos algumas pesquisas recentes e relevantes que vêm ampliando o conhecimento médico sobre o diagnóstico, tratamento e novas tecnologias aplicadas à saúde tireoidiana.
Veja a seguir!
O \”hormônio do instinto explorador\”
Um dos estudos mais inovadores foi publicado pela revista Cell, fruto de uma colaboração de cientistas da Harvard Medical School, nos Estados Unidos.
A pesquisa, liderada por Daniel Hochbaum, pesquisador em neurobiologia no Instituto Blavatnik, e com autoria sênior de Bernardo Sabatini, revelou que o hormônio tireoidiano não apenas regula o metabolismo, como já é bem conhecido, mas também altera a fiação cerebral, influenciando diretamente o comportamento exploratório.
O estudo, realizado em camundongos, mostrou que o hormônio ativa genes no córtex cerebral, levando os animais a se envolverem em comportamentos como buscar parceiros, explorar novos ambientes e estocar alimentos, atitudes essenciais para a sobrevivência em diferentes estações do ano.
Hochbaum destacou que se interessou pelo tema após sua esposa ser diagnosticada com hipertireoidismo. “Fiquei realmente surpreso ao ver que o hormônio tireoidiano teve grandes efeitos psiquiátricos”, contou.
Ele e sua equipe agora pretendem investigar como esses efeitos podem estar ligados a condições como depressão e mania, e se há potencial terapêutico ao modular o hormônio em contextos como traumas psicológicos.
Hipotireoidismo e traços de personalidade
Outro estudo recente publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism explorou a relação entre hipotireoidismo tratado e traços de personalidade, revelando que pacientes com personalidade do tipo D, marcada por pessimismo, estresse e retraimento social, tendem a estar menos satisfeitos com os resultados do tratamento, mesmo quando os níveis hormonais estão normalizados.
A pesquisa, que entrevistou mais de 3.500 pessoas com hipotireoidismo, foi citada pela endocrinologista Deborah Beranger, com pós-graduação em endocrinologia e metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).
Segundo ela, entre 10% e 15% dos pacientes tratados ainda apresentam sintomas persistentes, e os motivos para isso nem sempre são hormonais.
“Pessoas com personalidade tipo D podem perceber os efeitos do tratamento de forma mais negativa”, explicou a médica.
“É fundamental entender o contexto emocional do paciente. Por isso, o endocrinologista deve estar atento e encaminhar para apoio psicológico sempre que necessário.”
O estudo também sugere que fatores psicológicos podem ser considerados na personalização do tratamento de doenças da tireoide.
Avanços científicos e o Dia Internacional da Tireoide
Essas e outras pesquisas reforçam a relevância da data como momento para refletir sobre os desafios clínicos ainda existentes e celebrar os avanços obtidos.
Manter-se atualizado com descobertas como essas é essencial para a prática médica, contribuindo para diagnósticos mais precisos e tratamentos cada vez mais eficazes.
A tireoide, apesar de pequena, influencia praticamente todos os sistemas do corpo humano, e a ciência segue avançando em sua missão de compreendê-la mais profundamente, uma reflexão importante no Dia Internacional da Tireoide.
Para quem se interessa por inovação e novas tecnologias aplicadas à saúde, vale conferir também nosso conteúdo sobre Nanotecnologia na Medicina: quais as possibilidades?