Esta sexta-feira é o dia 6 do mês 9 – conhecido também como o Dia do sexo! A data é fruto de uma campanha de marketing criada em 2008 por uma empresa de preservativos, com o slogan “Faltava um dia em homenagem àquilo que deu origem a tudo”. O dia se firmou no calendário e é celebrado com todo tipo de expressão, redes sociais afora.
Mas o Dia do Sexo já teve outra data. Ainda na primeira metade do século XX (1935), um grupo carioca chamado Círculo Brasileiro de Educação Sexual, presidido pelo médico e autointitulado sexólogo José de Albuquerque, já havia instituído o dia 20 de novembro como o grande dia. Tudo isso para trazer a discussão sobre o tema, que naquela época era um tabu enorme. A preocupação do médico era combater as “ISTs”, conhecidas por Doenças Venéreas, e fazer um trabalho de prevenção e educação sexual, que ele acreditava ser extremamente necessário, mobilizando o Poder Público. As comemorações aconteceram no Instituto de Música, na cidade do Rio de Janeiro, que abrigou quase 3 mil pessoas, que ficaram até o final da cerimônia! Profissionais engajados na campanha falaram nas rádios, e o prefeito da época, Pedro Ernesto, permitiu que milhares de cartazes fossem espalhados pela cidade. Mas as comemorações pelo Dia do Sexo em 20/11 duraram apenas 2 anos, sucumbindo aos apelos e críticas de grupos conservadores.
O sexo surgiu há 385 milhões de anos atrás. Parece que os peixes “Microbrachius Dicki”, uma espécie de placodermos, foram os primeiros a copular. Com só 8 cm de comprimento, o peixe vivia em habitats na Escócia, mas o primeiro espécime foi encontrado na China e Estônia. Os machos tinham membros genitais ósseos, em forma de L, responsáveis por transferir esperma para dentro da fêmea, durante o “emparelhamento” do casal para copular. De lá para cá, a função sexual mudou demasiadamente. Do ponto de vista biológico, já sabemos que hormônios e outras substâncias como a oxitocina e a dopamina, por exemplo, beneficiam o organismo após um orgasmo, promovendo sensação de bem-estar. Mas a busca pelo prazer e redução de tensão sexual é apenas uma das funções do sexo. Há muitos outros sentimentos envolvidos, principalmente quando há o encontro de duas pessoas.
“Por que se faz sexo” é uma questão abrangente e bastante subjetiva. Pessoas fazem sexo para desempenharem um papel, de seduzir e ser seduzido, desejar, ser desejado, provar perícia. Pessoas fazem sexo porque amam umas às outras, ou porque desejam ser amadas pelo(a) outro(a). Fazem sexo para subjugar, agredir e provar poder. Para ter intimidade e saciar a necessidade física de contato corporal. Para alimentar a autoestima. Para ganhar dinheiro. Para ter um encontro de almas. Talvez uma combinação de vários motivos, que mudam também ao longo da vida, já que estamos sempre em constante dinâmica.
Seja qual for o motivo “da vez”, desde que não prejudique a saúde sexual e emocional dos envolvidos, aproveite para comemorar!!
Autora: Ana Canosa é psicóloga. Especialista em Educação em Sexualidade e Terapia sexual. Coordenadora do curso de Pós-Graduação em Sexologia Clínica da Faculdade IBCMED. Diretora de publicações da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH).