Cremesp e MS estão engajados no combate às notícias falsas
Vacinas causam autismo? Uso de celular no escuro causa câncer de olho? Alimentos milagrosos podem curar o câncer? Essas e outras questões relacionadas a doenças ou à Saúde Pública têm circulado nas redes sociais, causando muitas dúvidas na população. São as chamadas “fake news”, disseminadas livremente todos os dias. Estas “notícias” não têm autoria e não são geradas por fontes seguras, como Institutos de Pesquisa ou Órgãos do Governo. Mas você, que é médico, sabe que pode contribuir de forma decisiva para o fim deste tipo de “desinformação” tão prejudicial à comunidade?
Preocupado com este tema, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) lançou nesta semana um alerta para que médicos e profissionais da Saúde contribuam para o combate destas notícias falsas. “É fundamental, portanto, que os médicos estejam conscientes do papel que exercem na sociedade e usem esse status para estimular, compartilhar e replicar, por exemplo, campanhas oficiais sobre vacinação e eliminação de focos de mosquitos”, diz um trecho do material divulgado pelo Conselho.
O conteúdo reforça a importância de uma campanha organizada pelo próprio Ministério da Saúde (MS), que passou a disponibilizar um número de WhatsApp especificamente para o recebimento de denúncias relacionadas a “fake news” sobre Saúde. Mas não se trata de um SAC ou local para tirar as dúvidas dos usuários. O informativo intitulado “Saúde Sem Fake News”, divulgado na página oficial do Ministério, garante que o espaço será exclusivo para receber informações virais, que serão apuradas pelas áreas técnicas e respondidas oficialmente se são verdade ou mentira. Aliás, os questionamentos expostos no início deste texto foram retirados deste Portal, no qual há a indicação, por meio de um “selinho”, de que todos tratam-se de “Fake News”.
Assim, por meio deste número de Whats, qualquer cidadão poderá enviar gratuitamente mensagens com imagens ou textos que tenha recebido nas redes sociais para confirmar se a informação procede, antes de continuar compartilhando. O número é (61) 99289-4640.
O tema entrou em pauta, especificamente, pelo mal que este tipo de desinformação sobre a Saúde Pública tem causado na comunidade. O material divulgado pelo Cremesp lembra que o principal alvo destas “fake news” tem sido as vacinas. “Mais preocupante, ainda, é o fato de que a população em geral – e não apenas a parcela influenciada pela desinformação – possa ser prejudicada por tal ‘ativismo’, uma vez que aqueles que não se vacinam tornam-se reservatórios de agentes infecciosos e transmissores para indivíduos vulneráveis. A desinformação quanto às vacinas, portanto, pode comprometer o chamado princípio da “imunidade de manada”, obtida quando uma parcela suficiente da população é vacinada, de forma que o vírus não consiga mais circular na população, protegendo mesmo aqueles não vacinados.”
Conhecimento Verdadeiro
Segundo o Cremesp, além de ações legislativas, as plataformas das redes sociais poderiam fiscalizar a presença de robôs na disseminação de fake news, tornando explícito o responsável por eles. “As mesmas redes podem ser usadas também como oportunidade para corrigir os boatos e propagar conhecimento verdadeiro. Por exemplo, poderiam ser criados algoritmos que ofereçam ao usuário a opção de ver ‘histórias relacionadas’ ao assunto ao qual ele foi exposto, trazendo informação verificada pela comunidade científica e evitando práticas agressivas de censura.”
O maior Conselho Médico do país, com mais de 140 mil profissionais ativos associados, também considerou que as instituições de Saúde também devem combater ativamente a desinformação. “É necessário um esforço intenso para entender a natureza do problema, quais os reais agentes por trás dele e o conteúdo falso disseminado. (…) Um bom exemplo foi a recente campanha do MS, que buscou sensibilizar indivíduos influenciados por notícias falsas contra vacinas, disseminadas nas redes, colocando-os em contato com uma pessoa portadora de sequelas de poliomielite, que contraiu a doença por não ter sido vacinada.”
Conselho ao Médico
Conforme a publicação da autarquia federal, “é importante, ainda, que os médicos e demais profissionais de saúde participem ativamente do combate às notícias falsas. O Cremesp prega cautela, no nível individual, na replicação de conteúdos nas redes sociais por parte dos profissionais da medicina e os encoraja a serem agentes nas iniciativas de refutar boatos em saúde. Ao se deparar com desinformação, cabe a esses profissionais reportá-la à plataforma, além de poder contribuir com o correto contraponto, por exemplo, por meio de comentários. Estudos apontam que essa iniciativa pode ser tão eficaz quanto estratégias como as ‘histórias relacionadas’ adotadas pelas plataformas”.
Intervenções Rápidas
O Cremesp considera que “é sabido que a informação falsa é mais difícil de ser combatida conforme o tempo passa, pois, à medida em que é replicada e difundida, tende a se ‘cristalizar’ como se fosse verdade. As intervenções para combatê-la devem ser, portanto, rápidas e dinâmicas, capazes de se adaptar à velocidade das redes sociais. Parcerias com as plataformas são necessárias, mas devem vencer as desconfianças que apresentam, no contexto político, ao se despirem de qualquer viés que não sejam os critérios técnicos e científicos”.
Entre as mensagens finais, o comunicado divulgado pelo Conselho paulista recomenda: “propomos, portanto, o fortalecimento de iniciativas de instituições e autoridades que se contraponham às notícias falsas, priorizando sempre uma curadoria de excelência do conteúdo que difundirem, sempre pautados por critérios técnicos e científicos”.