Você, provavelmente, já atendeu um paciente que, antes mesmo de relatar os sintomas, já pesquisou informações na internet e tem teorias sobre possíveis diagnósticos e tratamentos. Quando se torna recorrente e provoca ansiedade ou temor, esse hábito — bastante comum, aliás — ganha o nome de “cibercondria” (formada pela junção das palavras ciber e hipocondria) e também pode ser chamada de hipocondria digital.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos sobre Tecnologias da Informação e Comunicação, órgão que produz indicadores sobre o uso da Internet no Brasil, 33% dos usuários revelaram que usam sites de busca para procurar informações ligadas à saúde.
Embora a medida possa trazer vantagens — afinal, um paciente que demonstra preocupação com seu estado de saúde tem mais chances de buscar ajuda médica precocemente e aumentar as chances de cura, no caso de um eventual problema, — em geral, o comportamento tem mais aspectos negativos. Entre os principais, está o fato de que, embora a disponibilidade de informações nos sites de busca seja alta, nem sempre elas são corretas ou estão completas.
Além disso, ainda que a página visitada contenha informações confiáveis, falta ao paciente o treinamento médico para interpretar os sintomas à luz de diversas outras variáveis, como histórico clínico e resultados de exames, por exemplo.
Quando o paciente dá um passo além da cibercondria e passa da pesquisa na internet à automedicação, os resultados podem ser desastrosos.
Cibercondria: lidando com pacientes que recorrem ao “Dr. Google”
Se procurar informações sobre saúde em sites de busca é um hábito — em geral prejudicial, pois pode gerar ansiedade no paciente —, também é certo que ele não deva desaparecer. Por isso, é importante que o médico aprenda a lidar com esse tipo de situação, cada vez mais comum em consultórios e hospitais.
Transmita segurança nas informações
O primeiro passo para evitar que a cibercondria comprometa o diagnóstico e o tratamento é transmitir as informações com clareza e segurança. Muitas vezes, o paciente pesquisa os sintomas na internet, se autodiagnostica e chega ao consultório apenas buscando uma confirmação daquilo que ele acredita ser o problema.
Quando o médico fornece um diagnóstico diferente do que ele imaginava — o que é bastante frequente — o paciente tende a fazer muitas perguntas, que, se não respondidas da maneira esperada, geram desconfiança sobre as habilidades do profissional.
Além de informações sobre o diagnóstico e tratamento, forneça ao paciente indicações de sites com dados confiáveis sobre a doença, colocando-se sempre à disposição para o esclarecimento de qualquer dúvida e lembrando-o de que ele deve seguir o tratamento exatamente como prescrito por você.
Evite censurar o paciente
É impossível impedir pessoas adultas de pesquisarem informações na internet de qualquer natureza, sobretudo, quando envolvem uma questão tão delicada, quanto à saúde. Quando um médico censura o paciente por ter recorrido ao “Dr. Google” na tentativa de realizar um autodiagnóstico, infantiliza a relação e estimula a quebra de confiança. Por isso, quando for abordar o assunto diga apenas que, quando utilizados de maneira correta, os sites de busca podem oferecer excelentes informações complementares.
No entanto, esclareça em tom amigável que esse tipo de informação não pode servir como base para um diagnóstico por alguém sem treinamento médico, já que pode ser completamente mal interpretada, gerando ansiedade e preocupação quase sempre desnecessárias.
Na maior parte dos casos, esclarecer sobre vantagens e riscos é muito mais eficaz do que mostrar a sua desaprovação pelo comportamento, o que lhe ajuda a estreitar o relacionamento com o paciente e aumentar a fidelização.
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