Na semana em que iremos comemorar o Dia do Pediatra, celebrado no próximo sábado (27), publicamos um conteúdo escrito por três grandes especialistas: Dra. Daniela Carla de Souza, Dr. Jefferson Pedro Piva e Dr. Marcelo Barciela Brandão, coordenador do nosso curso de Pós em UTI Pediátrica e Neonatal. O conteúdo foi revelado, originalmente, na Revista Brasileira de Terapia Intensiva (RBTI), da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), intitulado “Da Conferência Internacional de Sepse em Pediatria 2005 ao Consenso Sepsis-3”. Aqui, iremos reproduzir apenas o conteúdo final, com a conclusão a que os autores chegaram. Entretanto, também iremos disponibilizar aos nossos leitores o link (ao final) para que possam acessar o artigo completo.
A sepse em crianças ainda representa um grande desafio, com alta incidência e elevados índices de mortalidade. Após 10 anos da primeira conferência de consenso que definiu sepse na população pediátrica, ainda buscamos definições sensíveis e específicas para sepse e suas diferentes etapas.
As definições atuais não apresentam a precisão necessária para serem utilizadas por clínicos à beira do leito, onde há necessidade de diagnóstico e tratamento precoces. Em adição, as definições atuais incluem os resultados de testes laboratoriais, e muitos dos quais não estão rotineiramente disponíveis em cenários com limitações de recursos.
No entanto, não podemos reincidir em equívocos cometidos anteriormente, como adaptar definições de adultos para crianças, excluir os critérios de síndrome de resposta inflamatória sistêmica das definições de sepse para a população pediátrica sem avaliação criteriosa de sua utilidade, e incluir escores de disfunção orgânica e de triagem para sepse sem ampla discussão e validação em diferentes cenários. Desta forma, não existe justificativa para que a Sepse-3 seja incorporada no contexto da sepse pediátrica. Pelo contrário, devemos perseguir definições precisas para cada uma das etapas, de fácil aplicabilidade e que norteiem o tratamento naquela determinada fase.
Na elaboração das novas definições de sepse para a população pediátrica, deve-se considerar que boa parte dos óbitos por sepse em crianças ocorre na fase precoce da doença durante as primeiras 24 horas após admissão na UTI pediátrica e até mesmo antes da admissão na UTI.
Programas de educação e implementação de protocolos (por exemplo: ACCM/PALS) mostraram-se efetivos para reduzir a mortalidade. Portanto, o desafio na sepse não está centrado em seu tratamento, mas em seu diagnóstico preciso, que deve ser baseado em dados clínicos e empregar instrumentos clínicos de triagem, com aplicabilidade nos diversos cenários, incluindo regiões com recursos limitados.
Leia o conteúdo completo, bem como suas referências, em http://www.scielo.br/pdf/rbti/v30n1/0103-507X-rbti-30-01-0001.pdf
Dr. Marcelo Barciela Brandão é coordenador do curso de Pós-Graduação em UTI Pediátrica e Neonatal, da Faculdade IBCMED. Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991) com mestrado e doutorado em Saúde da Criança e Adolescentes com área de atuação em Pediatria pela Universidade Estadual de Campinas (2002 e 2011).